A Visão de Gailhac : Deus é Amor
Amai a Deus com todo o vosso ser
Conhecendo e amando a Deus no mais profundo do nosso coração,
reconhecemos Jesus Cristo naqueles que nos rodeiam e cooperamos com Ele
levando outros a conhecer e a amar a Deus.
“Amai a Deus com todo o vosso ser, amai-vos umas às outras como Jesus Cristo vos ama.
Acendei em todos os corações este duplo amor; não descanseis enquanto todos os corações não estiverem abrasados por ele.
Eis a vossa vocação”. (Gailhac)
Constituições das RSCM §39
A visão de Gailhac, expressa nas muitas cartas dirigidas às Religiosas, tem como foco o amor a Deus e a salvação das pessoas:
“Sempre senti em mim o dever e a necessidade de amar a Deus. Desde a minha infância, Deus pôs em mim um grande amor pelas pessoas. E aqui está o motivo da Obras que Ele me fez empreender”.
(cfr Écrits, Vol 12, pp 4360 e 4613)
“Deus é Amor. Tudo o que Ele faz, fá-lo por amor, o amor é a Sua essência, o amor é a Sua vida. Deus compraz-se em revelar e comunicar o Seu amor. Todo o Universo, revelação do Seu poder, é uma revelação, ainda maior, do Seu amor. Tudo fez por nós, porque nos ama. Mas, a mais alta e admirável manifestação do Seu Amor é Jesus Cristo. Ao dar-nos Jesus Cristo, Deus esgotou-Se a Si mesmo“.
(cfr Écrits, Vol 11, p 3734)
A palavra amor resume o ser total e todos os atributos de Deus:
“Deus quis condensar todas as suas qualidades numa única expressão – Eu sou Amor”.
(cfr Écrits, Vol 11, p 4096)
E, porque é Amor, age com o ser humano como um Pai: perdoa aos pecadores, ama os pequenos e humildes, é paciente e fiel, responde à nossa oração. Até quando nos prova, fá-lo como um pai amoroso e nunca nos aniquila, antes nos consola.
“Deus nunca muda. Ele é sempre Pai”.
(cfr Écrits, Vol 12, p 4247)

Se Deus age connosco como um Pai, o maior dom que Ele nos pode dar é fazer-nos semelhantes a Seu Filho. Gailhac expressa-o desta maneira:
“Como Deus é bom para convosco! No Seu infinito Amor conheceu-vos desde toda a eternidade, chamou-vos pelo vosso próprio nome, justificou-vos e glorificou-vos tornando-vos imagens conformes a Jesus”.
(cfr Écrits, Vol 10, p 3453)
Esta conformidade com Jesus Cristo é o maior dom porque, na medida em que nos tornamos filhos e filhas como o Filho, o amor de Deus passa para os outros através de nós.
A Pessoa de Jesus Cristo é o centro à volta do qual Gailhac elabora a sua síntese de vida e no qual deseja que as irmãs se situem. Para Gailhac Jesus está presente no aqui e agora da história, deseja estar unido a cada irmã e que as irmãs estejam unidas entre si. O amor que levou Jesus ao dom total de si mesmo é um amor atual, real:
“Jesus Cristo ama-nos, não apenas durante a Sua vida mortal, mas ainda na Sua vida gloriosa”.
(cfr Écrits, Vol 10, p 3526)
“Ele tudo fez por nós, tudo continua a fazer por nós”.
(cfr Écrits, Vol 10, p 3473)
Gailhac raramente fala de Jesus no meio de nós, mas de Jesus em nós, como uma presença interior que guia, sustem, consola, dá luz e comunica força.
Jesus é um Modelo que atrai pelo exemplo; as Suas ações são uma expressão de amor do Pai pela humanidade. Viveu o que ensinou; as palavras foram proferidas apenas para reforçar os seus exemplos.
(cfr Écrits, Vol 10, p 3427)
Motivado pelo amor, revelou a Sua santidade “a fim de animar o zelo dos Seus amigos e os levar à santidade”.
(cfr Écrits, Vol 10, pp 3554-5)
A vida que anima Jesus deve refletir-se na vida das irmãs: “A vossa vida deve ser reflexo da Sua vida. Deveis ser outros Jesus Cristo”.
(cfr Écrits, Vol 11, p 3706)
São as disposições de Jesus, que se traduzem na Sua relação com o Pai e com os irmãos, que as irmãs são convidadas a estudar, a contemplar e a assumir.
Em Cristo, a obediência é a grande expressão do amor pelo Pai. A obediência ao Pai está intimamente ligada ao amor, ao zelo e à humildade. Para Gailhac, o maior ato de humildade foi o despojamento de Cristo na Incarnação. Porque Cristo ama o Pai e partilha o amor do Pai pela humanidade, despoja-Se a si mesmo.
“Jesus veio… para revelar o amor imenso de Deus pela sua criatura”.
(cfr Écrits, Vol 11, p 3648)
A palavra “obediência” exprime o amor de Jesus pelo Pai; o “zelo” exprime este mesmo amor pela Humanidade. O zelo é a chama do amor.
“Amar a Deus e fazê-l’O amar, glorificar a Deus e fazê-l’O glorificar – é toda a minha vida”.
(cfr Écrits, Vol 12, p 4538)
O que Gailhac quer dizer-nos é que o amor de Jesus pelo Pai era tal que tinha de O revelar, de O dar a conhecer e a amar. E Jesus fez isso não só pelas palavras, mas sobretudo pela vida. Dando a conhecer o Pai, Jesus dava à Humanidade o acesso ao Pai.
O Espírito Santo – amor entre o Pai e o Filho – é o dom que nos transforma. A identificação com Jesus Cristo é obra do Espírito. É o Espírito de amor que une as irmãs entre si numa comunidade:
“uma comunidade animada pelo Espírito de Deus, que é a união do Pai e do Filho, é uma verdadeira imagem do céu”.
(cfr Écrits, Vol 12, p 4302)
Só o Espírito pode introduzir-nos na vida de união entre o Pai e o Filho e só o pode fazer quando encontrar, em nós, disponibilidade e abertura. A vida das pessoas abertas à ação do Espírito ganha raízes no amor. Gailhac vê o amor como
“tomada de posse pelo Espírito Santo”.
(cfr Écrits, Vol 11, p 3777)
A missão do Espírito é continuar a vida e a missão de Jesus – transformando as pessoas em filhos e filhas, seguindo o modelo do Filho.

O grande dom de Jesus à humanidade é o convite a partilhar da vida de Deus. Este convite é gratuito e exige uma resposta. A resposta traduz-se no “ser de Deus” expressão que Gailhac repete mais de 140 vezes nas suas cartas às irmãs.“ Ser de Deus” significa ter Deus como último critério de todas as escolhas e ações:
“seja sempre totalmente de Deus, ame-O sem reservas”;
(Carta à M. St Jean 29 agosto1849 – in Écrits, Vol. 3, p. 554)
“sede de Deus, amai-O de todo o coração, que Ele seja tudo para vós, sede todas d’Ele”;
(Écrits, Vol. 10, p. 3301)
“vivamos em Deus, de Deus e para Deus”.
(Écrits, Vol. 11, p. 3970)
“Ser de Deus” significa olhar toda a criação com os olhos da fé, ter Deus como principal motivação de tudo o que se faz, ter Deus como último critério de todas as escolhas e ações. Esta orientação para Deus é algo dinâmico, não se consegue de uma vez para sempre, mas também não é um ideal inatingível. Ser de Deus é um ato de amor.
“Querida filha, como é grande o amor de Jesus por nós. Não, nenhum outro amor pode igualar este amor. Só o amor nos impele a abraçar todas as privações, trabalhos, sacrifícios para a glória de Deus e a salvação daqueles que aceitam este amor. …este amor é, e deve ser, o seu amor. Este amor faz parte da sua vocação”.
GS/9/VI/80/A*
Conhecer a Deus e torná-lo conhecido
amar a Deus e fazê-lo amado
proclamar que Jesus Cristo veio para que todos tenham vida.
A visão de fé do nosso fundador
unifica a nossa missão
que, de acordo com a nossa tradição,
se expressa numa diversidade de ministérios,
nos quais empreendemos “qualquer trabalho
que possa contribuir
para a glória de Deus
e a salvação das pessoas”.
(Constituições 1870)
Constituições das RSCM
Cartas Do Venerável Pe. Gailhac às RSCM – Vol. II
Mary Milligan, rscm – Para que todos tenham VIDA
Um Estudo do espírito e Carisma do Pe. Jean Gailhac, Fundador