A atitude de escuta nasce, primeiramente, no coração. Supõe silêncio interior e valorização do(s) outro(s). Promove o encontro e a profundidade, recria a relação humana, tornando-a verdadeiramente humanizadora.
Para as RSCM, escutar Deus – na Sua Palavra, nas pessoas, realidades e acontecimentos do mundo – implica uma atitude profundamente contemplativa, inerente ao seguimento pessoal de Cristo e uma fidelidade progressiva aos Seus apelos de participação na Missão. Inspiradas em Maria, as RSCM aprendem a escutar os apelos de Deus, a amadurecer no coração e a pôr em prática.
Na organização interna do Instituto são previstos tempos privilegiados de Escuta Corporativa – os Capítulos: assembleias internacionais, com delegações de Irmãs das diferentes partes do Instituto, congregadas para escutar os apelos do Espírito que se manifesta nos sinais dos tempos, nos acontecimentos do mundo, nos apelos da Igreja, nas pessoas das diferentes culturas, nos gritos dos marginalizados, nos gritos da Terra e da nossa Casa Comum. A escuta e o discernimento corporativo conduzem a decisões e prioridades, em vista de maior fidelidade e resposta apostólica.
Celebramos e agradecemos o dom da Escuta enquanto dinamismo específico da Espiritualidade do IRSCM e fazemos memória das gerações de Irmãs que, ao longo do tempo, manifestaram este dom a favor da Vida. Evocamos, de modo particular, o Capítulo Geral de 68/69 enquanto acontecimento especial de Escuta do Espírito e primavera de renovação no IRSCM, sintonizado com o Concilio Vaticano II – a Primavera na Igreja.
Este Capítulo Geral foi presidido pela Ir Margarida Maria Gonçalves, 8ª Superiora Geral, cujo mandato decorreu entre 1963 a 1975. Anos mais tarde, a Ir Margarida Maria recordou, com vivacidade, este acontecimento e legou-nos o seu precioso testemunho.
Nessa assembleia capitular participou também, como Provincial do Brasil, a Ir Maria de Lourdes Machado, tendo sido aí eleita Conselheira Geral do governo da Ir Margarida Maria. Anos mais tarde, no Capítulo Geral de 1975, a Ir Mª de Lourdes foi eleita 9ª Superiora Geral do IRSCM. Atualmente, com 97 anos, recorda, com entusiasmo e alegria, o dinamismo de escuta corporativa que então se viveu.
Neste Capítulo participou, também, enquanto delegada da Província Portuguesa e responsável pela formação inicial das Irmãs, a Ir Maria Lúcia Brandão que hoje partilha connosco a riqueza da experiência de escuta conjunta e consequente transformação na vida do Instituto.
Os bons frutos e eficácia dos Capítulos dependem, em grande parte, da receção dos seus documentos e respetiva implementação por parte de todas as Irmãs.
A Ir. Rosa de Lima Pereira viveu o período capitular de 68/69 como noviça, em plena caminhada de integração e compromisso no IRSCM. Hoje, recorda, com paixão e vigor, esse tempo de mudança e a implementação das decisões capitulares.
Olhado a esta distância temporal, o Capítulo Geral 68/69 permanece na memória do IRSCM como um marco histórico. Os compromissos assumidos provocaram um movimento de mudança e de renovação, continuamente atualizado nos Capítulos seguintes, orientando, em cada tempo, a forma de ser, estar e viver das RSCM na sociedade. Com apreço e gratidão fazemos memória das Irmãs que viveram este acontecimento. A sua sabedoria e coragem – frutos da abertura e da escuta do Espírito de Deus – são, para nós, hoje, de grande inspiração.