Acontecimento Histórico

A razão do nome Sagrado Coração de Maria

O lugar de MARIA

O nome é um dos elementos que diferencia uma congregação religiosa de outras, o que a torna única, dá a conhecer a sua identidade e a conjuntura que a viu nascer. A escolha do nome é significativa, deixando compreender a missão, o espírito e a devoção preferencial desse grupo religioso.

Desde a sua Fundação – 24 de fevereiro de 1849 – o Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria adotou a invocação de Maria, na particularidade do seu coração.

A preferência por uma espiritualidade mariana resulta do contexto religioso que, desde os inícios do século XIX, se vivia em França – Maria era o caminho mais acessível para chegar a Jesus. Este movimento expressava-se, particularmente, na devoção à Imaculada Conceição e ao Coração de Maria.

Inspiradas nesta corrente surgiram numerosas congregações que mencionam no seu onomástico, a pessoa de Maria – das setecentas congregações existentes no mundo sob a invocação de Maria, um terço surgiu na primeira metade do século XIX.

O nome do Instituto do Sagrado Coração de Maria é, também, reflexo deste contexto. Embora a espiritualidade do Instituto seja marcadamente cristocêntrica, o Pe. Gailhac viu em Maria o melhor modelo para as religiosas seguirem e se configurarem com Jesus Cristo.

O nome Sagrado Coração de Maria quer dizer Maria na sua totalidade, Irmãs do SCM, se querem, pois, ser dignas deste nome, devem ser reflexo deste coração cuja perfeição arrebatou o próprio Deus. (GS/24/I/79/A)

Para Gailhac, uma irmã do Sagrado Coração de Maria deve seguir Jesus, imitando Maria, porque “o espírito de Maria é precisamente, o espírito de Jesus Cristo” (GS/12/I/1885/A). Maria é, no plano humano, a mais perfeita imagem de Jesus. Imitando-a, as irmãs estão a imitar Jesus. Ela é o caminho mais seguro para adquirir o espírito de Jesus Cristo.

O que há no Coração de Maria? O amor de Jesus, nada mais que o amor de Jesus. Quem introduziu no Coração de Maria esse amor a Jesus, quem o fez todo chama? Foi Jesus. Não quer Jesus comunicar-vos esse mesmo amor? Ele o que, Ele o quer. (GS/26/I/1876/A)

Portanto, estudem Jesus em Maria, o modelo está um pouco mais ao vosso alcance. Ainda que Jesus se tenha, de certo modo, diminuído, para não nos deslumbrar, contudo Ele é o sol e só podemos contemplá-l’O por transparência. Maria é esta nuvem luminosa que nos permite contemplar Jesus vivendo nela. (GS/23/II/1882/A)

No seu longo e paciente cuidado de formação espiritual das primeiras comunidades podemos encontrar em Gailhac numerosas referências a Maria. Numa das primeiras cartas que escreveu à Madre St Jean Pélissier, lemos: Tenho um grande apreço pela sua devoção por Maria. Continue a amar cada vez mais essa divina Mãe. Ela deu-nos Jesus. Todas as graças nos vêm por ela. (GS/20/IX/1849/A)

Às Irmãs, escrevia com frequência: Sois as filhas de Maria, as filhas do seu Coração. Mas onde está o Coração de Maria? Está no Coração de Jesus. E o Coração de Jesus, onde está? No de Maria. Portanto, o vosso coração deve estar no Coração de Maria, com o de Jesus e no Coração de Jesus com o de Maria. (GS/s.d./IX/1873/D)

Maria é humilde. Foi esta virtude que a fez Mãe de Jesus.

Maria é toda amor. Despojai-vos de tudo, a fim de que, livres de qualquer apego, Deus seja o vosso único amor.

Maria foi pobre. Privais-vos de toda a propriedade para que, livremente, pratiqueis a pobreza em tudo.

Maria viveu só para Deus… nem um só instante deveis esquecer a Deus.

Maria praticou a caridade até ao ponto de nos dar o seu Filho como Salvador. Numa palavra, nada há em Maria que não deva haver em vós. Consagradas ao Coração de Maria, vivei de tal modo que o vosso coração seja um com este Coração, no qual Deus se compraz. (GS/9/IX/1882/A)

O espírito de Maria é, totalmente, o espírito de Jesus Cristo, seu Filho. Estudai a vida de Maria e vê-lo-eis com os vossos próprios olhos. (GS/12/I/1885/A)

As Religiosas do Sagrado Coração de Maria são chamadas a continuar a obra de Jesus Cristo, a possuir o espírito de Jesus Cristo, a ser outros Cristo e Maria é quem nos mostra o caminho. Ela é o nosso primeiro modelo: mulher de fé, mulher de zelo, mulher de sofrimento e de coragem, a pessoa que mais ativamente participou na missão dos apóstolos.

Sois as filhas do Sagrado Coração de Maria, deste Coração que tanto cooperou na Redenção do mundo. Basta este nome para vos dizer qual deve ser a vossa dedicação, com que zelo deveis cooperar na santificação das pessoas para que glorifiquem a Deus na eternidade. Que tudo, em vós, pregue a santidade, que toda a vossa vida sirva para atrair as pessoas a Deus. (GS/10/VI/1884/A)

Rosa do Carmo Sampaio, Uma Caminhada na Fé e no Tempo,
História do Instituto das RSCM – Vol1
Cartas do Venerável Pe. Jean Gailhac às RSCM

As Constituições das Religiosas do Sagrado Coração de Maria expressam e sintetizam, de modo admirável e com muita intensidade, esta visão de Gailhac

“Ao seguir Jesus 
contemplamos Maria
Sua primeira discípula,
aquela que cooperou com maior fidelidade
na Obra da Redenção.

Pela profunda e ativa recetividade da sua fé
Maria pôde, na força do Espírito,
Dizer SIM a Deus,
Um SIM incondicional,
Em face do imprevisível
E mesmo do impossível.

É a totalidade deste dom de si mesma
que somos chamadas a imitar”	
Na resposta ao chamamento de Deus
“o nosso modelo é Maria,
mulher de fé,
mulher cheia do Espírito,
a pobre de Yavé,

aquela que acolheu todas as coisas
e as meditou no seu coração,
a que ouviu a Palavra de Deus e a pôs em prática

e a que no amor gerou Jesus Cristo
e O fez nascer para os outros.”

Constituições das RSCM § 3, 56

Maria é o nosso modelo, ao procurarmos estar abertas ao Espírito, centrar as nossas vidas em Jesus Cristo, ser mulheres de oração e compassivas e dar testemunho autêntico e alegre dos valores evangélicos, onde quer que estejamos.

Declaração da Missão – 1990